Há muitas pessoas com este problema de querer ficar com as coisas todas que possui e dos filhos e dos pais… É, de facto, um problema, porque ficar com todas estas coisas, sendo que cada uma carrega uma qualidade energética, que às vezes nem é a melhor, não é tarefa fácil de resolver.
No entanto, por vezes são pessoas que cresceram em ambientes também de acumulação e, portanto, é para elas normal que os espaços estejam cheios de coisas, que não haja arrumação, nem espaços vazios na casa, nos corredores, nos armários, etc. Nunca presenciaram outra forma de viver!
Nós somos muito condicionados pelo ambiente em que crescemos – revemo-nos em atitudes que os nossos pais (ou tutores) tinham, gostamos de coisas que eles também gostavam e sobre as quais nos passaram esse gosto. Às vezes até fazemos coisas iguais às que criticávamos os nossos pais quando éramos mais novos!
Mas não quer isto dizer que não podemos mudar para melhor. Está nas nossas mãos querer fazer diferente, sobretudo quando o que nos foi passado “ambientalmente” não foi o melhor ou o mais adequado.
Acredito que este problema da acumulação pode ter muita influência pelo ambiente em que crescemos, mas também acredito que tem uma componente emocional muito forte, seja um evento marcante ocorrido na nossa vida ou o facto de não nos sentirmos bem connosco mesmos, o que nos leva a comprar muitas coisas (e muitas vezes que não vamos usar) e/ou a não nos desfazermos de outras tantas.
É preciso notar que não são as coisas que nos vão fazer mais felizes, mas as experiências que vivemos com elas! E essas permanecem connosco – são as memórias preciosas de tempos de que gostámos muito! E, em vez de ficarmos com a casa cheia de coisas que não usamos, que estão partidas (sendo inúteis) ou que nem sabemos que existem, há que recordar essas memórias, seja através de fotografias, de vídeos ou até de pesquisas sobre esse local, por exemplo. Não digo para se desfazerem de tudo, mas fiquem só com um ou dois artigos relacionados com essa fase ou momento.
No caso de termos saudades de alguém, falar com esse alguém (ainda que virtualmente) acalma a nossa mente e faz-nos sentir mais perto dessa pessoa. Não são as coisas que nos vão trazer essa pessoa de volta, mas os ensinamentos que ela nos deixou, os valores por ela transmitidos, o aplicarmos no presente tudo aquilo que aprendemos com ela – isso, sim, é manter viva a presença da pessoa deste lado de cá.
A sensação que temos quando praticamos o “destralhar” é ótima! É sentirmo-nos mais leves, com a energia a fluir e com a sensação de que vamos ajudar outras pessoas, até porque muitas coisas que retiro dos meus armários são para doar, mas até pode ser para vender, caso queiram e se estiverem em bom estado. É retirar um peso dos nossos armários e da nossa casa – é deixar o nosso espaço respirar, sem estar entupido ou “constipado” e tudo fluirá na nossa vida.
Para quem tem este problema e tem crianças em casa, por favor, tente mostrar aos seus que há outra forma de viver, em harmonia com a casa e não com constrangimentos. É difícil começar, sim, mas há que dar o primeiro passo! Há que sentir qual a melhor altura para isso (comigo nunca é quando planeei – é sentir e vou por ali) e começar por alguma coisa ou alguma divisão – escolha o que lhe apetecer, mas tem que o fazer. Penso que não é justo para os seus filhos não lhes dar a oportunidade de saberem que existem outras maneiras de vivenciar uma casa.
Pense, são apenas coisas. E são coisas que podem dar jeito a outras famílias, que não as têm. Ou são coisas quebradas, que já não vai usar – então para quê guardá-las? Se já não usa algo há 2 anos, acha que é agora ou no futuro que vai usar? O tempo é cíclico e nós e os nossos gostos e necessidades também, por isso mudam com o tempo.
Para além da ótima sensação que se consegue sentir quando retiramos as coisas em excesso (ou paradas) da nossa casa, trazemos mais equilíbrio ao nosso espaço e aí o Feng Shui trará muito mais resultados. Energia estagnada é o que não queremos!
Pense nesta frase quando começar este processo: O que é que precisa guardar, lhe faz sentir bem e é útil?
Boas arrumações!